Dafne
Este livro demonstra como a ciência, a genética, o melhoramento de animais e plantas foram fundamentais para a formação e expansão imperial dos regimes fascistas em Itália, Portugal e Alemanha.
As primeiras mobilizações de massas de Mussolini, Salazar e Hitler fizeram-se com novas variedades de trigo adaptadas ao uso de fertilizantes químicos, batatas resistentes ao míldio e porcos alimentados com produtos nacionais. Tiago Saraiva revela os processos de formação de grandes burocracias estatais em volta dos novos organismos tecnocientíficos que prometeram alimentar a nação orgânica imaginada por todos os fascismos.
O autor insiste na importância do colonialismo para a história do fascismo e dá conta de como esquemas de trabalho forçado em África e na Europa de Leste dependeram de algodão, café e substitutos da borracha desenvolvidos por melhoradores de plantas em Maputo, Adis Abeba e Auschwitz. O seu estudo das viagens de carneiros caraculos entre laboratórios zootécnicos alemães, italianos e portugueses, liga de forma inesperada genocídios fascistas na Ucrânia, Líbia e Sul de Angola.