Lovers & Lollypops
“Do Claro ao Breu“, das Sopa de Pedra, desenha-se como um objecto de contrastes, integrando duas composições antagónicas e independentes, como se de uma representação do dia e outra da noite se tratasse.
O lado A, mais luminoso, parte do trabalho que o coletivo realizou com o bailarino e coreógrafo José Artur Campos para a sonorização da curta de video-dança “Meia de Leite”. Uma composição onde a polifonia de vozes, rica em atmosferas e paisagens, enceta um diálogo com dois poemas de Eugénio de Andrade: Falo de um Verão e A uma fonte. Um universo de névoas encantatórias a servirem de tecitura para algumas das mais frequentes imagens da tradição portuguesa: as mãos, os frutos, as estações, a ligação à terra e os ciclos.
O Lado B, vira-nos para o obscuro e para o nocturno, espaços por onde vagueiam os medos e as superstições, numa viagem em torno de elementos sinistros e grotescos do imaginário popular tradicional. Esta composição resulta da colaboração das Sopa de Pedra com o coletivo portuense Oficina Arara, onde a proposta foi a de musicar textos inspirados nas superstições populares já desaparecidas ou residuais, mais concretamente algumas rezas, orações, ensalmos e benzeduras ao ar.